Vi uma entrevista de uma professora negra que da aula no ITA, a Sônia Guimarães. Na entrevista com Bial, ela afirma que há racismo no ITA, citou que quando da nota baixa para os alunos, alguns deles dizem: você sabe quem meu pai é ? Além disso, fala que os alunos a odeia por ser negra… Meu Deus, é assim no ITA mesmo ?
Então, se eu que sou moreno decidir entrar aos 23 anos e, por estar velho e por ser “negro”, poderei passar por tristes situações ?
Me fale um pouco como é aí no interior do lugar onde há as pessoas mais inteligentes do Brasil.
Olá Palma,
É bom a gente esclarecer isso.
Eu vivi lá como aluna e agora como professora. Vou contar minha experiência.
Primeiro como aluna
Quando era aluna eu senti que UM professor pegou sim no meu pé. Pode ter sido por 2 motivos:
1- ser única aluna mulher entre 37 homens no curso de aeronáutica ou
2- porque falei que iria fazer medicina quando acabasse o curso, nunca vou saber…
Acho que o (2).
Mas isso não me atrapalhou, na verdade ele fazer perguntas durante a aula até me forçava a estudar mais e aprendi coisas úteis.
Porém, tenho algumas colegas que já escutaram comentários do tipo: “o ITA era melhor quando só tinha homens”. Mas, esse tipo de frase é exceção, e veio de UM único professor (outro), que inclusive sofreu repreensão por ter falado isso.
Existem outros casos de machismo? Sim, é provável, vivemos no Brasil… Eu já vi? Não!
Em geral, acho que o ITA é muito menos machista que o resto da sociedade. Entre alunos e alunas não há machismo, em geral. Os alunos homens tratam e trabalham juntos com as alunas mulheres como iguais em todos os trabalhos. E tem alunos 01 de turma assim como tem alunas 01 (primeiro da classe ou magna ou suma cum laude).
De novo: tem exceções? Sim, com certeza, em todo lugar tem gente besta…
O número de alunas é realmente muito menor, mas não acho que isso faz diferença para o machismo.
Como professora
Nunca, mas nunca, senti qualquer forma de machismo como professora.
Os alunos respeitam completamente, pra você ter uma ideia, basta falar algo como “vamos começar a aula” que a sala fica um silêncio completo para o professor ou professora começar a ensinar.
No meu caso, há um relacionamento de amizade com os alunos, e isso é o que ocorre com a maioria dos professores ou professoras com os alunos.
Sobre o racismo
Não sou negra, mas tenho vários amigos negros no ITA, e eles estão falando no grupo do ITA que não sentem esse racismo que ela fala.
Bom, só posso dizer que tenho amigos próximos negros que nunca me falaram nada do tipo, nem nunca vi qualquer tipo de problema ou diferenciação pelo tom da pele.
Vale lembrar que o ITA foi o ambiente mais heterogêneo que eu já vi, com pessoas de realmente todos os lugares do Brasil e todas as classes, como do Nordeste, do interior da Amazônia, de SP, do Rio…
No caso específico da prof Sônia
Ela falou algumas coisas que simplesmente não acontecem.
Nunca vi nada parecido com essa frase:
Os alunos podem questionar a nota, não tem problema, inclusive eu já somei errado os pontos de uma prova e o aluno me avisou e corrigimos. Isso é normal.
Agora o aluno se impor por ser filho de alguém não existe. A maioria dos alunos não é rico ou famoso, e se fossem não importaria nem um pouco.
Mas não vou entrar muito no mérito, ou falta dele… Só vou falar que a professora Sônia é criticada pelos alunos por sua competência duvidosa, e não pela cor da pele, ou ainda machismo.
Por outro lado, é muito triste criticar uma colega, mas me senti na necessidade de defender o ITA, que sempre recebe tão bem os alunos e professores…